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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Indicação de Leitura- Acadêmica Francine Murara

Os desafios da Terapia

Autor: Irvin D. Yalom
2007
232 páginas

Esse livro é um conjunto de testemunhos do autor acerca da sua prática profissional como psicoterapeuta.

Apresenta, entre outros tópicos, uma síntese convincente da importância da análise do próprio terapeuta, da estrutura da transferência e de como ela reflete as demais relações do paciente, das dificuldades mais comuns do atendimento, da importância dos atos em contraposição às palavras, de como não se devem tomar decisões pelo paciente.
Não é propriamente um livro técnico de psicoterapia, embora apresente valiosas visões técnicas da prática da terapia existencial e até mesmo da teoria que alicerça essa prática. É praticamente um guia, onde mostra que a terapia nada mais é do que um processo onde terapeuta e paciente são considerados parceiros.
Tudo em uma linguagem de fácil entendimento.

Li este livro quando estava no quarto semestre, e vale a pena tê-lo em minha prateleira.


Francine está no sétimo semestre de Psicologia.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

RESENHA CRÍTICA


           30 anos de “Vigiar e Punir”
Michel Foucault 




            No entendimento de Foucault, a prisão faz parte de um sistema coercitivo de dominação social, bem como outras agências de controle, no qual o conhecimento é a arma de dominação e gera a submissão das massas, ou seja, da população de baixa renda. Obviamente, portanto, tal controle pressupõe benefícios das classes superiores, o que o autor denuncia como “ilegalidades pela posição”. A ignorância dos subjugados aliada às ameaças totalitaristas propagadas por quem vigia, praticadas por quem pune e perpetuadas por quem cala, tem o objetivo de manter uma linha de obediência indiscutível e uma docilização do homem trabalhador de utilidade indispensável na produção. Tais ideais são claramente advindos de demandas capitalistas, nas quais a disciplina e a ordem são prioridades para a manutenção do proletário silencioso e exemplar, e para a punição e marginalização do rebelde crítico.
       Para Foucault, disciplina é o método utilizado pelo Estado para manter seu sistema de poder, e com isso as conveniências das classes favoritas, por meio de ameaças coercitivas de punições morais e de restrições de liberdade e expressão. Uma espécie de adestramento coletivo. A repetição cega de uma atividade tende a levar à submissão. Ao padronizar o comportamento de um homem enquanto classe tira-se dele as possibilidades de questionamentos, pois a manutenção das premissas impostas passa a ser cobrada como parte inerente a Cultura, até mesmo por seus pares.
       O panótico era uma ferramenta arquitetônica de vigilância tão opressora que dispensava seu uso real. Quem do panótico vigiasse teria controle completo de qualquer situação, dadas as possibilidades visuais proporcionais por sua arquitetura e localização, que na eminência de tal absolutismo a observação real se tornava desnecessária. O homem apresentava o “comportamento desejado” pela agência de controle como padrão, pois estava sob freqüente ameaça. O panótico representava, portanto, uma alegoria das novas táticas políticas. Onde a docilização da massa era necessária para a manutenção da força de trabalho dos submetidos. Nosso panóticos atuais estão camuflados de câmeras de seguranças, de confessionários nas igrejas, de modismos que nos condicionam a padronizar preferências e idéias. A mídia nos espreita e modela cada um de nós a vigiar o próximo que não estiver minimamente de acordo com os novos, e cada vez mais caros e deturpadores, padrões comportamentais estabelecidos.


     Foucault classificou as finalidades dos sistemas prisionais em duas categorias: a de objetivos ideológicos e a de objetivos reais. Os objetivos ideológicos da prisão seriam a repressão dos comportamentos inconvenientes e a redução da criminalidade. Os objetivos reais seriam a repressão seletiva da criminalidade e o aperfeiçoamento de comportamentos tidos como delinqüentes. Ou seja, o sistema criminal se apresenta como eficaz em gerar reincidência e em modelar comportamentos condenáveis mais eficientes. E esta é a maior crítica de Foucault.
            É difícil pensar em um projeto de tamanha coragem e proporção como os de características diferenciais sugeridos por Foucault, pois mexer no vespeiro da política e dos privilégios das classes é assinar uma sentença de inúmeras conseqüências aversivas. Mas se Foucault o fez, podemos tentar. Primeiramente seria necessária uma investigação das variáveis que mantém o indivíduo encarcerado emitindo os mesmos (ou “piores”) comportamentos condenáveis fora da prisão depois de cumprida sua sentença. Embora não seja difícil de entender de antemão que uma prisão que não dispõe, por exemplo, de oficinas de trabalho ou recreações que possam gradativamente instalar hábitos comportamentais mais saudáveis, seja não mais do que agências de qualificação criminal. A prisão acaba, portanto, qualificando o indivíduo a controlar com violência coercitiva o ambiente hostil que ele sabe que encontrará no exterior. O aforismo “coerção gera coerção” não é um simples clichê. Modificar apenas o sistema prisional é cair na armadilha do eterno remendo. É preciso voltar as ações para o ambiente onde as contingências mantenedoras estão, para que melhores possam ser programadas, como as proporcionadas por uma boa Educação escolar, mais atrativa ao jovem e à criança, ou por oficinas profissionalizantes e/ou de iniciação artística. O conceito “liberdade” passa então a fazer mais sentido. Não esquecendo que somos livres na medida em que percebemos e controlamos as variáveis que nos controlam (Skinner). Proporcionar liberdade não é somente abrir as portas e “libertar” os presos, mas planejar contingências que favoreçam a reconstrução de suas vidas. Condições de trabalho, de engajamento social e de visualização de novos projetos de vida são, na prática, situações insustentáveis pra qualquer indivíduo que comece do zero. Talvez se houvesse um acompanhamento psicológico garantido pelo Estado ao preso que se vê diante deste recomeço, este caminho inevitável seria menos difícil.
            É difícil pensar em algo diferente se as leis são feitas por pessoas que estarão sujeitas a elas. Portanto, sempre será esperado que elas tenham ressalvas que garantam o bem-estar do alto escalão. Um bom exemplo é a fiança, que é um valor irrisório para o rico, mas altíssimo para o pobre. Ou ainda as comodidades para políticos na prisão, pois por esta lógica o pagamento do crime é inverso ao rombo financeiro que ele faz. E pior, educa outros que vêem diante de si as mesmas possibilidades e privilégios.




Rosina Forteski
Psicologia 1.7

Enquete Aberta


Para uma nova série de postagens do blog do Centro Acadêmico tentaremos uma espécie de enquete aberta na qual faremos uma mesma pergunta para vários profissionais e estudantes, dependendo do tema, que serão postadas conforme recebidas.

Achamos que esta será uma série de postagens que enriquecerá muito o blog e representará um grande auxílio aos estudantes que o lêem, bem como aos profissionais,  pois permitirão a expressão de uma diversidade de pontos de vista.

Desde já um muito obrigado de toda a equipe do CAP a todos que participarem.



Estamos começando com a seguinte pergunta:

O psicólogo precisa entender de políticas públicas? Por que?


"Ao meu ver é imprescindível, até porque a tendência hoje é o serviço de Psicologia passar a ser oferecido enquanto política pública. Nesse sentido, a compreensão que eu tenho a respeito do papel do Estado e do oferecimento das políticas públicas enquanto direito ou favor faz toda a diferença em relação ao serviço que eu me disponho a oferecer e à busca ou não pela defesa dos direitos sociais e da cidadania. Elemento importante também é a visão ampliada de saúde: se eu compreendo saúde enquanto algo amplo e dependente de inúmeros quesitos (habitação, saneamento, assistência social, etc., muito semelhante à qualidade de vida), irei ver no acesso às políticas públicas um componente indispensável à saúde, sobretudo das pessoas de baixa renda, incluído aí a saúde mental."


Prof. Msc. Fernando Scheeffer
Psicólogo, especialista em Saúde Mental Coletiva e mestre em Gestão de Políticas Públicas
UDESC Ibirama


"O psicólogo, como qualquer cidadão, deve não somente entender de políticas públicas, como ser protagonista do cuidado para com as mesmas. Quando o cidadão não cuida das políticas direcionadas a ele, alguém vai cuidar por ele. A psicologia tem papel fundamental neste contexto e já está um pouco atrazada quanto a esse protagonismo, quando comparada com outras profissões, como Enfermagem, Medicina e Serviço Social, dentre outras."

Jeovane G. Faria, psicólogo do CAPSad - Jaraguá do Sul/SC


"Sim, o psicólogo precisa estar bem informado sobre as políticas públicas, sejam de Saúde, Educação, Desenvolvimento Social ou quaisquer outras. O psicólogo trabalha para o benefício da Sociedade e é por meio desses conjuntos de ações denominadas ‘políticas’ que podem ocorrer mudanças significativas no modo como as pessoas vivem nesse país. O psicólogo é o profissional mais capacitado a intervir no fenômeno comportamento, em especial no comportamento humano e infelizmente a sua graduação está desvinculada do exercício profissional, reduzida ao que é indicado que o psicólogo deve fazer. O psicólogo geralmente cumpre função de psicoterapeuta, recrutador e por vezes de recreador. Esses ‘espaços’ ocupados constituem o mercado de trabalho e muitos não sabem fazer algo mais que psicoterapia, intervindo de forma curativa. Essa situação indica que nem ao menos informações sobre as ‘políticas públicas’ estão sendo apresentadas aos alunos de cursos de graduação ou mesmo de especialização pois há mais de um meio de intervir descrito nas ‘políticas públicas’. Examinando brevemente o Sistema Único de Saúde – SUS – mesmo o profissional mais desatualizado identificaria algumas concepções antigas de Saúde Pública. Os três âmbitos de atuação ‘clássicos’ que orientam o SUS não são levados em conta quando o psicólogo está agindo em seu local de trabalho, em geral ele está a ‘consertar coisas’. Poucos são os que estão envolvidos no planejamento de ações que evitem que essas ‘coisas’ ocorram. O psicólogo pode, e deve intervir de modo que as ‘políticas públicas’ sejam implementadas para melhorar as condições de vida da população. Isso já ocorre de modo incipiente e com ênfase ‘curativa’, ainda falta muito para que ocorra por meio de ‘prevenção’ ou ‘promoção’".

Carlos R. Rohrbacher, psicólogo do Ambulatório de Saúde Mental Infanto-Juvenil - Jaraguá do Sul/SC

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Conheçam a Diretoria do Centro Acadêmico de Psicologia Michel Foucault

Chapa Apoiar e Unir:


Gean Carlos Ramos, Psicologia 1.5, Secretaria Geral.


Rosina Forteski, Psicologia 1.7, Coordenação de Representação.


Ricardo Michalak, Psicologia 1.7, Coordenação de Eventos.


Leonir Troscki, Psicologia 1.5, Coordenação de Eventos.


Gláucia Sevegnani, Psicologia 1.7, Coordenação de Eventos.






















quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Produção Acadêmica em Pauta - Acadêmica: Cláudia Daiana Borges


Cláudia é aluna do sétimo semestre de Psicologia, diz não ter definido ainda uma abordagem específica com a qual trabalhar, mas já sabe as áreas de atuação de seu maior interesse: Psicologia Educacional e Saúde Pública. 


Grande tema: Saúde Mental    
Sub-tema: Reforma Psiquiátrica


REFORMA PSIQUIÁTRICA

            A questão da loucura há muito se faz presente, seja de forma velada ou exposta a sociedade, causando à esta medo e insegurança, isto porque o “louco” freqüentemente foi concebido como um representante da anti-norma, da contra ordem, causador de um “mal-estar” na civilização. Por esta razão, o objetivo era excluir estes sujeitos do convívio social de modo a garantir segurança e ordem social. No entanto, para se falar em loucura é necessário primeiramente estabelecer uma relação entre ela e o padrão de normalidade.
            De acordo com Foucault (2000), a medicina  viu perder-se as fronteiras entre os fatos patológicos e os normais, e percebeu que os fatos normais eram compostos pelos mecanismos normais e pelas reações adaptativas de um indivíduo funcionando segundo a sua norma. Para Canguilhem (2010), o normal representa a extensão da norma. Entretanto, não se pode definir com precisão a fronteira entre o normal e o patológico, pois aquilo que é normal em uma determinada situação, pode tornar-se patológico em outra.
            Mesmo que não seja claro o limite entre o normal e o patológico, historicamente sujeitos que destoam do padrão estabelecido como normal recebem um atendimento específico, atendimento este que por muito tempo foi pautado em um modelo de internamento e exclusão do sujeito. Conforme Foucault (2008), o internamento tinha função social, pois representava um mecanismo de controle social, através do qual afastava os sujeitos com doença mental do convívio com a sociedade. No decorrer do século XVIII desapareceu a evidência do internamento, mas não extinguiu-se a maneira desumana com que os loucos eram tratados.
            No século XVIII o médico psiquiatra Philippe Pinel ocupou-se desses loucos, e passou a conceber a loucura como doença. Porém, apenas dois séculos depois é que efetivamente buscou-se alternativas para libertá-los do confinamento e oferecer-lhes oportunidades de reinserção social. Emerge a Reforma Psiquiátrica com o intuito de promover a desinstitucionalização e estabelecer aos doentes mentais o direito a um tratamento que possibilite sua reinserção social ao invés de sua segregação.
            A reforma psiquiátrica caracteriza-se como um processo marcado por transformações de saberes, valores sociais e culturais, é permeado por tensões, desafios e conflitos. É um processo que está diretamente ligado às possibilidades e limites das políticas públicas, em especial do Sistema Único de Saúde, e com a criação e implementação de projetos que visam garantir o direito à cidadania, contra as desigualdades sociais e a exclusão social (BRASÍLIA, 2001).
            No Brasil, em 1978 iniciou o movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. A reforma psiquiátrica brasileira surge num contexto internacional de mudanças pela extinção da violência asilar. É fundada em um momento em que o modelo assistencial centrado no hospital psiquiátrico está em crise, e há grande mobilização e esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. O processo de desinstitucionalização em psiquiatria e a crítica ao manicômio na Itália serve como referencial e demonstra a possibilidade de ruptura com antigos paradigmas (BRASÍLIA, 2005).
            Segundo Ribeiro (2009), com a Reforma Psiquiátrica no Brasil e a implantação de serviços substitutivos, o atendimento passa a ser regionalizado, territorializado, priorizando o atendimento de forma que a pessoa possa ser atendida em sua comunidade e não perca as referências de seu contexto social. O principal objetivo é garantir o direito à cidadania, a desinstitucionalização e a promoção da saúde mental, tanto em nível individual como geral.
            Para que a Reforma Psiquiátrica torne-se realidade é necessário a superação dos hospitais psiquiátricos e a criação de serviços substitutivos que garantam o cuidado, a inclusão social e a autonomia das pessoas com transtornos mentais. O principal dispositivo para a concretização da Reforma Psiquiátrica no Brasil, foi a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). É papel do CAPS oferecer atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em hospitais psiquiátricos, promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais (BRASÍLIA, 2005).
            Conforme o relatório final da conferência nacional de saúde mental (2001), a mudança do modelo assistencial deve ter como pressuposto básico uma concepção de saúde entendida como um processo e não como ausência de doença, o objetivo é a produção de qualidade de vida e a promoção da saúde. É fundamental que os modelos substitutivos tenham suas práticas pautadas em relações que enfatizem a subjetividade, a auto-estima, a autonomia e a cidadania.
           Embora a questão da loucura permaneça sem ser totalmente compreendida, muito se tem feito no sentido de promover melhores condições de vida para o doente metal. No entanto, é importante termos uma visão mais crítica frente a esta realidade, já que ao que parece, muito se tem feito no plano teórico, mas nem sempre tem-se colocado em prática, ou se faz de forma contraditória. Serviços substitutivos são fundamentais para a efetivação da Reforma Psiquiatria, porém, é necessário que o sujeito seja o protagonista de seu tratamento e crie vínculos com os serviços e profissionais, se ao invés disto ele estabelecer relações de dependência com estes, acaba por tornar-se novamente um sujeito sem autonomia, incapaz de construir sua identidade e (re)significar sua realidade.

REFERÊNCIAS

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

FOUCAULT, M. Doença mental e Psicologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.

FOUCAULT, M. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Comissão Organizadora da III Conferência Nacional de Saúde Mental: cuidar sim, excluir não. Efetivando a Reforma Psiquiátrica com acesso, qualidade, humanização e controle social. Brasília, 11 a 15 de dezembro de 2001.

RIBEIRO, A. M. A idéia de referência: o acompanhamento terapêutico como paradigma de trabalho em um serviço de saúde mental. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2009, vol.14, n.1, pp. 73-83. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-294X2009000100010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 30 out. 2010.

O CAP agradece a colaboração da acadêmica na certeza de que foi esta a primeira de ricas contribuições que serão aqui postadas.

Obrigado Cláudia,

Rosina,
CAP 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Produção Acadêmica em Pauta

       É com alegria e satisfação que o Blog do CAP Michel Foucault lança aqui uma série de artigos escritos por estudantes cursando semestres diversificados e abordando assuntos correlacionados a um tema geral. Á esta série de postagens chamaremos “Produção Acadêmica em Pauta”.
        Nesta primeira série serão publicados os artigos, na seguinte seqüência e abordando os seguintes sub-temas, dentro do primeiro grande tema definido pelo Centro Acadêmico como Psicologia e Saúde Mental:

Cláudia Daiana Borges: Reforma Psiquiátrica
Mônica Sadowski: Drogadição e Serviços Públicos
Jean Paulo da Silva: O Sistema Único de Saúde – SUS

      Como mini discurso de inauguração apenas citamos parte do importante documento na história da Saúde Mental Mundial, a Carta de Otawa (1976, Canadá):

       
    “A saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como importante dimensão da qualidade de vida. Fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem tanto favorecer como prejudicar a saúde. Assim, as ações de promoção da saúde objetivam, através da defesa da saúde, fazer com que as condições descritas sejam cada vez mais favoráveis [...] e que as escolhas saudáveis sejam as mais fáceis”.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A união faz um Centro Acadêmico


Por trás das siglas C.A e D.A existem universitários que lutam pelos interesses dos estudantes

Para chamar atenção das deficiências existentes na Biblioteca de Direito da Mackenzie (Universidade Presbiteriana Mackenzie), em São Paulo, no início deste ano o Diretório Acadêmico João Mendes Júnior mobilizou os estudantes e enviou para a entidade mantenedora da Universidade um abaixo-assinado com mais de 3.000 assinaturas. "Já havíamos pedido a reforma e ampliação da biblioteca mas, apesar de confirmá-las, a mantenedora não as incluiu no orçamento deste ano. Como o número de livros era insuficiente e faltavam funcionários e espaço para o bom funcionamento, não era possível esperar mais", conta o presidente do D.A., Renan Feitosa. Deu certo. A compra de títulos foi iniciada de imediato e as obras começam no mês que vem.
Tanto faz se chamados de D.A. (Diretório Acadêmico) ou C.A. (Centro Acadêmico), não há diferenças entre essas duas denominações. O que existe por trás destas siglas é um grupo de universitários, legitamente apoiado pelo coletivo estudantil, que representa os estudantes e luta pelos seus interesses, como fez o da Mackenzie no caso da biblioteca. Pode haver um único para toda a universidade ou vários, um para cada curso, por exemplo. Os mais ativos discutem o currículo acadêmico, promovem atividades esportivas, culturais e científicas, visando a integração das difrentes turmas e cursos. Além disso, encaminham às coordenações de curso a insatisfação dos alunos com o rendimento de professores, grade curricular ou estrutura.
É o C.A também que organiza ações para além dos muros da faculdade. A briga do Diretório Acadêmico Demócrito de Souza Filho da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), por exemplo, é contra o Governo Federal, que reduziu em 30% a verba de pesquisa da Faculdade de Ciência e Tecnologia da instituição. "Nossa intenção é entrar com uma representação contra o Governo no Ministério Público, denunciando o sucateamento do ensino e da pesquisa na UFPE", afirma o vice-presidente do Diretório Acadêmico Demócrito de Souza Filho da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Marconi Melo Filho. Ele também lembra que os centros e diretórios são o elo com as grandes representações estudantis, como a UNE (União Nacional dos Estudantes), responsáveis por discussões de questões que envolvam todas as instituições, públicas ou privadas, em caráter nacional.
Mas nada acontece se não houver interesse dos alunos. O Diretório Acadêmico Isabel Cristina Kowal Olm Cunha da Unisa (Universidade Santo Amaro) existe há cinco anos. No entanto, por falta de verba e mobilização, nunca foi atuante. No ano passado, numa tentativa de se reiniciar as atividades, a instituição passou a contribuir para a manutenção do espaço mas ainda pouco foi feito. Para Ana Cristina Rizzatto, que foi presidente do D.A., manter a representação estudantil é muito difícil. "Organizávamos festas para tentar reunir os alunos de enfermagem, mas acabavam indo as mesmas 50 pessoas", conta ela. Segundo Ana, o maior problema é que os 500 alunos do curso de enfermagem não se interessam pelos trabalhos do diretório. "Infelizmente poucas pessoas reconhecem a importância do trabalho de representação estudantil no Brasil", lamenta
.

fonte: site Universia.

Notícia sobre aumento de Mensalidade em IES particulares

Aumento das mensalidades gera protesto nas universidades particulares





A história se repete, mas no fundo é uma história mal contada. Todos os anos, os estudantes de universidades particulares são atingidos pelos aumentos das mensalidades. Comumente os índices aplicados são superiores à inflação. Os anúncios são sempre no final do ano letivo o que dificulta as mobilizações estudantis. Mas mesmo assim os protestos contra os aumentos abusivos vêem acontecendo, em maior quantidade, ano após ano.


O Ministério da Educação acenou com a possibilidade de editar uma medida provisória para evitar aumentos abusivos nas mensalidades das universidades particulares. Segundo o secretário de Ensino Superior, Carlos Antunes, será publicada uma portaria nos próximos dias obrigando as faculdades a apresentar planilhas de custos que justifiquem os aumentos. 
O anúncio da MP foi feito após a manifestação estudantil ocorrida no dia 13/11 na Esplanada dos Ministério em Brasília.
 

A mobilização, organizada pela União Nacional de Estudantes, UNE, e pelos DCEs, fez parte da jornada nacional de lutas da UNE.
 
Os manifestantes foram recebidos pelo Ministro da Educação, Cristovam Buarque, que ouviu atentamente as reivindicações dos estudantes. Eles falaram sobre a desproporção entre os aumentos e a renda familiar e sobre a falta de respeito e liberdade do movimento estudantil.
 

As entidades estudantis querem que o governo faça modificações na lei n.º 9870 de 23/11/99, que dispõe sobre as anuidades escolares. Ente as propostas de alteração está a inclusão de um artigo que condicione todo e qualquer aumento no valor das mensalidades à negociação prévia com o movimento estudantil.
 

Os estudantes querem, também, que a lei defina um critério e delimite um prazo para a apresentação das planilhas de custo das instituições. Além das planilhas de custo para o ano, a direção das faculdades também precisaria apresentar os comprovantes da execução das planilhas de custo do ano anterior.
 

Para o presidente da UNE, Gustavo Peta, “o compromisso do ministério de editar a portaria é um avanço, mas a questão central da modificação da lei n.º 9870 ainda ficou em aberto”, conclui.
 

fonte: site Mídia Independente.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Entrevista com o Psicólogo e Professor Universitário Fernando Scheeffer

É com muita honra que iniciamos nossa série de entrevistas com profissionais da Psicologia e áreas de conhecimento afins. Ainda mais felizes ficamos em inaugurar esta série com um profissional que muitos dos acadêmicos de Psicologia conhecem bem, o professor, psicólogo e com a licença de um adendo nosso, filósofo incansável, Fernando Scheeffer.



CAP: Primeiramente, como é o Fernando no dia a dia, hobbies e atividades afins que fazem do Fernando, o Fernando.
Fernando: O Fernando é um ser um tanto inusitado. Gosto e faço coisas bastante distintas. Além de professor e amante da profissão sou músico (toco bateria), atleta (pratico atletismo), fotógrafo (adoro fotografia) e motociclista (viajo de moto nos finais de semana e nas férias), dentre outras coisas.

CAP: Agora que conhecemos um pouco mais o Fernando, pessoa comum, vamos abordar o profissional, você poderia nos falar um pouco sobre sua formação e seu campo de trabalho atual como psicólogo e como professor universitário?
Fernando: Sou psicólogo, especialista em Saúde Mental Coletiva e mestre em Gestão de Políticas Públicas. Atualmente me dedico exclusivamente à docência sendo professor do quadro permanente da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina) com dedicação exclusiva.

CAP: Poderia nos falar um pouco sobre sua atuação como professor na Fameg, Uniasselvi, ressaltando quais as disciplinas que você ministrava e qual a impressão que você levou do corpo discente de Psicologia da IES?
Fernando: Embora tenha trabalhado disciplinas das mais diversas, minha especialidade foi e é Psicologia social. Em relação aos alunos da FAMEG tenho boas recordações visto que a grande maioria dos alunos se demonstrou bastante comprometido com as disciplinas que ministrei e com a futura profissão. Tenho saudade do contato com esses estudantes.

CAP: Professor Fernando, com relação à pesquisa e extensão, como você relaciona a Psicologia com a pesquisa aplicada no cenário atual dentro das Universidades, há uma preocupação real dos estudantes com a aplicação do conhecimento científico para uma melhora social ou você percebe que a atuação dos estudantes em pesquisas ainda responde a uma demanda financeira, como a de bolsas de estudos, ou de crescimento profissional para mero aprimoramento de currículo?
Fernando: Ao meu ver a Psicologia como todo peca em relação ao seu compromisso social. Uma Psicologia com compromisso social é aquela que de alguma forma contribui para a construção de uma sociedade melhor. Nesse sentido ela historicamente e atualmente ainda não prioriza esse tipo de prática e isto fica evidente nos tipos de pesquisas que se privilegia, bem como na pouca relação com a comunidade na qual as instituições de ensino superior estão inseridas.

CAP: Agora falando um pouco da Psicologia Social, nos conte um pouco mais sobre o que te fez escolher esta área do conhecimento psicológico, ressaltando talvez quais os fenômenos nos quais a intervenção de um psicólogo social tem maior êxito considerando as particularidades desta área.
Fernando: A Psicologia social enquanto um mix entre Psicologia e Sociologia permite que se aborde o fenômeno psicológico de uma forma mais abrangente e diferente do que a Psicologia fez historicamente. Nesse sentido talvez uma das principais contribuições da Psicologia social seja a análise e a reflexão de vários comportamentos humanos a partir das relações que estes sujeitos estabelecem com o meio e, mais do que isso, a partir do modelo de sociedade vigente. Nesta perspectiva somos muito mais semelhantes do que diferentes. A Psicologia sempre buscou evidenciar que cada ser humano é único, com características particulares, dando ênfase ao inatismo.

CAP: Quais são seus projetos a longo prazo Fernando? Você tem alguma ambição profissional ou acadêmica que poderia compartilhar com os alunos que lêem este blog?
Fernando: Agora com estabilidade profissional meu próximo passo será, sem dúvida, o ingresso em um programa de doutorado. Ainda estou analisando as opções, mas com certeza isso acontecerá em um futuro não muito distante.

CAP: Pra finalizar Fernando, gostaríamos de deixar aberto para a sua fala direcionada aos alunos interessados em Psicologia Social, ou em ser futuros professores universitários. Como pode ser feito este caminho?
Fernando: Me apropriando das palavras de Che gostaria de dizer que “se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”. Não desmereço os que trabalham de forma individualizada, no entanto ressalto a importância de se pensar em rever a lógica na qual estamos submetidos e pensar em uma atuação que, de alguma forma, contribua para a mudança. Aos que pensam em seguir carreira acadêmica alerto que a jornada é dura, mas extremamente gratificante. Em tudo que fazemos é de suma importância a paixão. Decorrente da paixão teremos competência e consequentemente sucesso. Como afirma Confúcio “Escolha o trabalho de que gostas e não terás de trabalhar um único dia em tua vida.” Abraço à todos e me coloco à disposição para o que precisarem.


O Centro Acadêmico de Psicologia Michel Foucault agradece enormemente ao professor Fernando pelas palavras e pela prontidão com a qual acolheu a proposta da entrevista e aproveita para enviar um grande abraço em nome dos acadêmicos da Fameg Uniasselvi, ex-alunos e futuros colegas de profissão.
Obrigada Fernando,

por Rosina Forteski
CAP
Coordenação de Representação

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Campanha Psicólogo 30 horas


Manifesto em apoio à jornada de 30 horas para os psicólogos
Excelentíssimo(a), 
Parabenizamos essa casa pela aprovação do PL que definiu a jornada de trabalho dos Assistentes Sociais em 30 horas semanais. Tal jornada faz justiça à qualidade e ao nível de especialização de uma profissão tão importante para a qualidade de vida e o exercício da cidadania da sociedade brasileira.
 
Ocorre que a nossa profissão, a psicologia, luta pela aprovação de uma lei no mesmo sentido. Nossa reivindicação é idêntica. Queremos regulamentar nossa jornada em 30 horas semanais. 
 
Tal qual os Assistentes Sociais, os psicólogos querem garantir uma jornada compatível com o nível de especialização e com o desgaste que uma jornada estendida provoca. Reduzindo as horas trabalhadas, estamos protegendo o profissional e a ele garantindo melhores condições de trabalho que, ao final, se reverte em melhor qualidade dos serviços prestados. O ganho é também da população atendida.
 
Com a aprovação do PL dos Assistentes Sociais e com a sanção presidencial, ficam dirimidas as dúvidas quanto à legalidade ou constitucionalidade de um PL que contemple o anseio da psicologia. É possível afirmar que há em nosso favor, assim como houve para os Assistentes Sociais, argumentos consistentes, sendo questão de bom senso aprovar as 30 horas para os psicólogos. 
 
Hoje já somos mais de 160 mil psicólogos no Brasil e, somente no Estado de São Paulo, 70 mil cadastrados. Uma categoria com essa magnitude merecerá seu voto favorável a uma causa tão desejada e de tão grande importância para o exercício da profissão.
 
Encaminharemos, o SinPsi e demais entidades representativas da categoria, uma proposta de PL em breve. 
Esperamos contar com apoio de Vossa Excelência e com seu voto decidido em prol de nossa causa.
 
Atenciosamente, 
 
Rogério Giannini
Presidente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo


O Manifesto também pode ser pesquisado em:
http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_101004_001.html.

Assine o manifesto:

O que um CA deve fazer?



O Centro Acadêmico é uma representação e organização estudantil que trabalha junto à IES, se apresentando desta forma como apoio e ferramenta de diálogo aos estudantes, ao corpo docente e à Instituição. Conforme a CONEP (Coordenação Nacional dos Estudantes de Psicologia, 2010), “os C. A. são entidades tocadas por um grupo de estudantes que compreende que, organizados, podem potencializar suas lutas por uma Universidade transformada e também por novas práticas profissionais. O Centro Acadêmico tem a responsabilidade de articular os estudantes em torno de pautas comuns e, através da reivindicação coletiva, amplificar a voz do corpo discente”.