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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

...E chegamos a isto: Implantação de Hospital Psiquiátrico em Jaraguá!

Jornal do Vale do Itapocú- 12 de janeiro de 2012
A atual proposta de cuidado e atenção em saúde busca compreender o indivíduo na sua totalidade, entendendo que sua construção se dá no mundo e está, portanto, dialeticamente enraizada nas questões sociais, políticas e culturais do seu território. Assim, evita-se o reducionismo que descreve uma relação maniqueísta do tipo normal-patológico, bom-mau, revendo os condicionantes para a saúde do homem entendidos agora como uma multiplicidade de fatores que vão muito além dos biológicos. Neste viés, propõe-se que o tratamento seja baseado na inclusão social e discutido por uma equipe interdisciplinar, contando com a participação co-responsável do indivíduo que não mais é entendido como passivo, obediente e incapaz, uma vez que o conhecimento acerca da sua trajetória e do seu sofrimento que ele traz é referência para o tratamento. A evolução está, primeiramente, no respeito aos Direitos Humanos básicos (o que significa, entre outras premissas, não excluir e não oprimir) e segundo, em não mais negar ao indivíduo o protagonismo com relação a sua própria vida, mas sim promover condições para que este exerça sua cidadania. A Reforma Psiquiátrica nos trouxe esta mudança de paradigmas e neste processo fez-se necessário a extinção progressiva dos Hospitais Psiquiátricos e a implantação dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) como alternativa ética e de apoio à reinserção social de tratamento que não subordinasse o indivíduo à marginalização, que não o condenasse à punição em função de um sofrimento que rescende a desamparo social. A sugestão de construção de um novo Hospital Psiquiátrico em Jaraguá do Sul, enquanto a luta do país se dá no sentido oposto, de Humanização, é um retrocesso que sem dúvida suscita questionamentos sérios e diversos, mas que principalmente nos sugere um nível absurdo de ignorância daqueles que nos representam politicamente.

Rosina Forteski