Total de visualizações de página

segunda-feira, 2 de abril de 2012

7º Cine Psico





Cine Psico 7ª ed.

Vem aí o Cine Psico, dia 02-06-2012
As 14:30h na clínica SETES, parceira na realização deste evento, que fica em frente à colégio Jangada. 

A ENTRADA SERÁ FRANCA.

Traga pipoca, chips, doces ou refrigerantes para compartilharmos.O debate entre alunos e profissionais se dará após o filme, você pode vir pra debater ou pra assistir ao debate, como se sentir mais confortável.O CAP conta com todos para o sucesso desta programação, certos de que será tanto produtivo quanto aprazível.

FILME VENCEDOR:

Precisamos falar sobre Kevin: Eva (Tilda Swinton) mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temorosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/Ezra Miller) e Lucy (Ursula Parker). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.

Entrevista com a Psicóloga Mariane Oechsler

Hoje, com grande satisfação, o CAP entrevista uma profissional recém-formada da Fameg conhecida nossa, a psicóloga Mariane Oechsler, representante da primeira turma de Psicologia.

Mariane, pra quebrar o gelo, poderia nos falar um pouco sobre você, seus hobbies e demais predileções cotidianas?

Bem, se começar a falar... Não paro mais. Gosto de falar, gelo quebrado! Sou casada, tenho filhos adolescentes e o artesanato é minha terapia, onde posso desafiar limites.

Mariane, você já está trabalhando na área? Foi difícil encontrar uma oportunidade?

Fiz parceria com uma clínica e inicio a clinicar agora em abril. Quanto a oportunidades, acredito que se elas não existem, nós precisamos criá-las.

Houve uma preparação sua no último ano de trabalho para a atuação enquanto profissional de Psicologia no ano que seguiria sua formação?

Abracei os estudos porque realmente me identifiquei com a Psicologia, participei dos grupos de pesquisa desde o segundo ano da graduação (sem bolsa), bem como congressos e palestras. Quanto à prática clinica também reservei um tempo especial, e estendi os atendimentos mesmo nos semestres em que não se faziam obrigatoriedade. O estágio do último ano (área da saúde) e o TCC (a pesquisa e preparo) concomitantemente vieram a reforçar o meu gosto pela área da saúde. No início do último ano de graduação busquei um curso de férias em São Paulo, também na área da saúde. E agora, formada iniciei uma pós-graduação. O aprimoramento deve ser constante, sempre é possível agregar mais conhecimento!

Olhando para trás, para os seus primeiros semestres na Fameg, o que mudou com relação à sua visão de mundo. Que percepções tinha a Mariane caloura que a Psicologia e a Academia se encarregaram de transformar?

Uau! Faz tempo... Lembro que antes de conhecer a Psicologia academicamente, não fazia ideia do quão dinâmica ela o é; de que possui diversas linhas e que algumas se conflitam. Enfim, acreditava ser um caminho único com conceitos bem definidos. Hoje, depois do susto, percebo que assim como a Psicologia, o mundo não é estático, e isto é maravilhoso, pois permite um reconstruir independente da idade cronológica. Portanto, ainda há esperanças.... Lembro da frase de uma professora querida... “nós desconstruímos vocês (as crenças) para um novo construir”, assim como diz o querido Fernando Pessoa "Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer do modo de lembrar que me ensinaram. E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos. Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras. Desembrulhar-me e ser eu." E depois de passar por este processo, juntamente com a psicoterapia, tornou-se possível ver o mundo sob outra ótica. O olhar das possibilidades.

Pensando nos 5 anos da formação, tem algo que você faria diferente ou algum aspecto ao qual você se dedicaria mais?

Pergunta danada!!! Geralmente quando olhamos para trás pontuamos alguns caminhos que poderiam ter sido diferentes. Mas de modo geral acho que não seria tão rigorosa comigo mesma, poderia “ter pego um pouco mais leve” nas cobranças. Se houvesse oportunidade, teria feito ainda mais pesquisas e participaria de estágios extra-curriculares.

Nos seus 5 anos de Fameg imagino que sejam muitos os profissionais que marcaram sua trajetória de maneira positiva, no entanto, eu lhe desafio a homenagear um ou uma em especial: que professor (a) se destacou na sua formação e que lições ele (a) te deixou de legado?

É verdade foram muitos professores que de uma forma peculiar deixaram tatuado um pouquinho da sua essência na minha formação. A começar pelo primeiro semestre, tenho muitas lembranças marcantes, pois os professores de modo geral permitiram uma proximidade sadia. O olhar, o investir, o acreditar, o instigar, o sofrer, o rir, o sorrir enfim aqui se mesclam os nossos tutores. Neste momento lembro com carinho da professora Tania Mara Nussner com seu significado, significante e resignificar espetacular sobre mim! E quebrando as normas, não posso deixar de referenciar uma frase que a professora Suzana Ampessan trouxe à nossa turma num momento “nervoso” quando emergiu a queixa de “sermos cobaia”, sabiamente ela provoca-nos “vocês podem escolher em ser vítimas ou protagonistas desta história”, escolhi ser PROTAGONISTA desta e da MINHA história.

Enquanto representante da primeira turma de Psicologia da Fameg, você tem autoridade pra falar, o que faltou na sua formação e o que foi provido com eficiência?

Ai, ai, ai, agora me colocou no fogo né? Ok, pensando em uma construção. Quem me conhece de perto sabe o quanto sou defensora deste curso, acreditei nele desde o princípio. Em situações oportunas, fomos trocando vivências positivas e negativas com a coordenação do curso, que em geral nos acolheu muito bem. Digo no plural, porque a nossa turma, como um conjunto, fez parte deste processo. Pequenos ajustes ocorreram, outros ainda precisam ser adequados, vejo de forma positiva apesar dos obstáculos que ainda precisam ser transpostos.  Acredito que a pesquisa poderia ser mais valorizada e investida pela instituição. Ainda precisamos mostrar para a população onde o psicólogo pode fazer diferença, assim estamos (as primeiras turmas) pouco a pouco, através dos estágios, abrindo campo tomando espaços. Digo isto, pois enquanto turma, sentimos um pouco de resistência no momento em que iniciamos os estágios em campo. Portanto, esta é uma deficiência que senti, gostaria de ter tido mais contatos com as possibilidades de atuações. Em um semestre especifico, lembro que o estagio para a turma seguinte contemplou aos alunos a acompanharem um aluno especifico de uma instituição especial (APAE, AMA), acredito que a riqueza do aprendizado deles foi indescritível!

Mariane, como foi sua experiência de TCC, poderia dividir conosco as angústias, ansiedades e gratificações do processo?

TCC... Tens certeza? Brincadeira. Na verdade, como a própria sigla define, Trabalho de Conclusão de Curso, e para nós que viemos elaborando estágios desde o primeiro semestre dentro da “tal metodologia científica”, TCC é apenas mais um trabalho com pesquisa. Bem, deveria ser...  Por mais que a academia nos treina a pesquisar, observar, elaborar textos para uma boa fundamentação teórica e todo este conjunto, não posso negar que este nome (sigla) tem mais peso do que tamanho. Descobri que esta angustia é necessária e percebi que não é apenas “mais um trabalho”, é o “último trabalho” enquanto graduanda. Claro que tem toda a seriedade e até uma formalidade peculiar na sua apresentação. Mas para mim, o valor emocional carregado de uma satisfação de estar concluindo uma etapa significante da vida falou mais alto, e como diz o chavão popular: “não tem preço”, apenas vivendo um TCC é que pode-se saber o que ele representa.

Você saiu da sua graduação com uma abordagem definida? Qual? Se sim, como foi este processo de identificação?

Deu um nó no pensamento. Das três principais abordagens que pudemos nos aproximar enquanto técnicas, me encantei por todas. Ainda estou na fase de namoro, preciso descobrir a qual delas serei fiel, mas enquanto pratica, tenho me apoiado mais na linha humanista.

O que mais assusta uma psicóloga recém formada?

Me formei e agora? Não temos mais um pai/mãe, para buscar abrigo, estamos no mundo! Está certo, não é tão dramático assim, pois mantemos o vínculo com os professores e com os colegas (agora companheiros de profissão). Voltando a pergunta, respondo por mim, “o que mais ME assustou”: acredito que por mais que tenha me dedicado a minha formação, é inevitável o questionamento interno, “será que vou conseguir?”. A assimilação foi se solidificando passo a passo. No meu caso, ainda neste processo, fui absorvendo lenta e gradativamente. Primeiro a colação de grau, o registro no CRP, o contato oficial com a clínica, meu primeiro cartão de visitas, meu nome inscrito como psicóloga, enfim, EU ME AUTORIZAR PSICOLOGA.

Quer deixar um conselho para os veteranos e calouros que seguem tua turma?

De graça? Como diz o dito popular: Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia! Desta forma, não deixo conselho, deixo um pouquinho de mim. Quando iniciei o curso, pensava que poderia salvar o mundo, olhava para fora, e mal sabia que precisava primeiro olhar dentro de mim, para então conseguir olhar com um novo olhar para o mundo. Meu processo de psicoterapia foi tão importante quanto a graduação. Claro que não encontramos a riqueza da relação professor-aluno, ou mesmo a inter-relação entre os colegas de classe, nos livros da biblioteca, mas muito do que aprendemos, é possível encontrar lá, ou aprofundar nas pós-graduações. Agora, acreditar e entregar-se num processo psicoterápico, é uma experiência individual, difícil e única. Posso dizer que fez toda a diferença na forma de olhar o mundo, dentro e fora de mim. E quando o impossível teima em se apresentar, teimo eu em lembrá-lo que impossível é somente até o momento em que alguém o torna possível! Encerro e novamente cito Fernando Pessoa "Há um momento em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia - e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".

Obrigada Mariane, pelas gentis palavras.

Por: Rosina Forteski