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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Produção Acadêmica em Pauta - Acadêmica: Mônica Sadowski


Mônica é de São Bento do Sul e atualmente trabalha na área Organizacional como Analista de RH, mas ressalta que sua área de maior interesse de atuação é justamente o tema deste artigo: Saúde Pública e Drogadição. Mônica está no quinto semestre de Psicologia.

Grande tema: Saúde Mental    
Sub-tema: Drogadição

Drogas: um problema de ordem pública

Falar sobre drogas pode ser desagradável a muitas pessoas. Podem achar que o assunto não lhes interessa por não existirem usuários dentro de suas famílias. Porém, o momento em que vivemos nos mostra que este é um assunto de ordem pública, atingindo direta ou indiretamente a todos nós.
Assistindo aos noticiários da televisão tomamos conhecimento da “guerra” declarada aos traficantes do Rio de Janeiro. Fica clara a influência que a circulação das drogas exerce sobre a vida dos habitantes daqueles morros. As famílias têm sua liberdade cerceada, seus filhos aliciados, seduzidos pelo mundo do crime, ou no mínimo são atingidos pela violência e tirania gratuitas exercidas pelos mandantes do crime ligados ao comércio ilegal de drogas. Por falar em ilegalidade, não podemos deixar de comentar sobre as drogas lícitas, aquelas que entram pela porta da frente de nossas casas, em forma de pílulas para dormir, calmantes, bebidas alcoólicas tão presentes em qualquer comemoração familiar e também o tabaco, todos altamente viciantes e maléficos à saúde, assim como as drogas ilícitas. Surge aqui um assunto polêmico: a legalização das drogas ilícitas, no intuito de diminuir a violência e o crime ligados ao seu comércio, mas este assunto nos levaria a outro caminho que não é o desejado neste texto.
Como podemos ver, este é um problema bem abrangente e se ele atinge a população de uma forma geral, ele se torna um problema de ordem pública e merece atenção dos órgãos competentes e especialmente do Psicólogo social. Sendo o Psicólogo um profissional da área da Saúde, comprometido com a minimização do sofrimento psíquico e a promoção da Saúde (no sentido mais amplo da palavra, envolvendo o bem estar físico, psíquico, social, entre outros) tomemos então o nosso posto e atuemos na minimização do sofrimento do usuário de drogas e de seus familiares. Porém, a grande maioria dos usuários não tem condições financeiras para ter acesso aos consultórios particulares, tornando-se assim necessária a existência de um serviço público para atendimento a estas pessoas. Mas onde o Psicólogo atua com usuários de drogas no serviço público?
         Assim como os ditos “loucos”, o portador de sofrimento psíquico decorrente do uso de substâncias psicoativas, também era, até bem pouco tempo, internado, confinado em hospitais psiquiátricos, a fim de ser excluído do convívio social, sendo medicado e mantido em abstinência total, como única forma de tratamento proveniente dos serviços públicos. Hoje o cenário já é diferente. Em 2003 foi estruturado um serviço voltado para indivíduos com transtornos causados principalmente pelo abuso de substâncias tóxicas, com o objetivo de intensificar, ampliar e diversificar ações para a prevenção, promoção da saúde e tratamento dos riscos e danos ligados ao consumo de drogas. Este serviço foi regulamentado via portaria 336/GM/2002 e denominado CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas). Em junho de 2009 foi criado o Plano Emergencial de Ampliação do Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas (PEAD).
           Somente no período de junho de 2009 a maio de 2010 foram implantados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) 26 CAPSad no Brasil, porém a demanda é imensamente maior que o número de CAPSad pode atender. Devido à ordem jurídica de que apenas municípios com população maior que 70 mil habitantes possam ser atendidos por uma unidade de CAPSad, os municípios com população entre 20 mil e 70 mil habitantes podem ter um CAPS I, sendo que aqueles que não se enquadram nos padrões exigidos pela legislação ficam à mercê dos hospitais psiquiátricos ou se obrigam a enviar seus usuários a outros municípios que possuam o CAPSad, quando houver um consórcio intermunicipal, pondo abaixo toda a política de atenção territorial. Outra forma de “tratamento” comumente encontrada para usuários de drogas são as comunidades terapêuticas, quase sempre de cunho religioso. Muito embora estas instituições não tenham embasamento clínico, não podemos negar que estes CTs ainda cobrem uma imensa área onde os órgãos competentes não se fizeram presentes (MATOS, 2010).
      Nosso trabalho como Psicólogos pede o nosso comprometimento com as causas sociais e isto envolve, além do aprimoramento profissional, a busca por melhorias nos serviços públicos, a ampliação da capacidade de atendimento aos usuários, aumentando a abrangência de atendimento a pessoas necessitadas de psicoterapia, função esta, que deveria ser exclusiva do profissional em Psicologia.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental em Dados – 7, ano V, n.7. Brasília, 2010.
MATOS, A. N. Um pouco sobre a história das drogas e de sua proibição, ou como o crime sem vítima se tornou uma questão de estado. Disponível em <http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/print.php?itemid=1340>. 
Acesso em 05 nov. 2010.



2 comentários:

  1. Repensar paradigmas é reorganizar as ações humanas. É preciso que não se esqueça que o trabalho do psicólogo é o fenômeno psicológico, o comportamento humano, é preciso não confundir drogas com Drogadição, psicólogo com advogado, ou pior, com juiz. É preciso, no entanto interferir em certas regras que descrevem as condições sob as quais o homem se comporta, ou seja, políticas públicas.

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  2. Muito bem, sábias palavras. Eu que conheço a Mônica já a dois anos posso afirmar que, ninguém mais que essa pessoa guerreira que ela é, e que conhece muito bem a realidade que envolve esse tema de extrema relevância que é o da drogadição. Dentro dos temas que envolvem necessidade de mobilização social, o psicólogo tem a possibilidade/dever de exercer com o conhecimento proporcionado pela ciência psicológica, mudanças no intuito de amenizar o sofrimento dos que são dependentes (como já citado por Mônica), e também contribuir para a elaboração de políticas de prevenção/conscientização da sociedade como um todo.

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